Cursos de dia       

O Ministério da Educação, através do Grupo de Missão para a Educação e Formação de Adultos lançou em 1999 o "Concurso Nacional de Boas Práticas de Educação e Formação de Adultos", com o objectivo de conhecer e divulgar as boas práticas inovadoras em termos de estruturas, conteúdos, instrumentos e metodologias, em qualquer área da educação e formação de adultos, preferencialmente desenvolvidas em contexto de parcerias entre entidades públicas, privadas e/ou cooperativas, sendo necessário que os projectos a concurso já tivessem decorrido ou estivessem a decorrer.

A Universidade Popular do Porto concorreu com o projecto "Cursos de Dia 98/99", o qual veio a ser um dos premiados.

O Projecto "Cursos de Dia 98/99" vem na sequência de um conjunto multifacetado de iniciativas que a UPP sempre promoveu, mas procurando agora, na base de uma experiência iniciada em 1997, dar resposta a uma nova realidade social, que é a existência de um número crescente de adultos, reformados e no activo, com tempo livre durante o dia, e com vontade e apetência para participar, agora em horários diurnos, em iniciativas de formação e de divulgação científica e cultural, promovidas numa perspectiva emancipatória, potenciadora de saberes de cada um e da aquisição de novas competências, do desenvolvimento, valorização e realização pessoais e de uma crescente intervenção social e cívica.

Os "Cursos de Dia 98/99" foram organizados tendo em conta esta nova realidade social e as disponibilidades dos alunos, pelo que ocorreram ao longo de todo o ano lectivo (de Outubro de 98 a Junho de 99), tendo cada curso uma aula semanal com uma duração média de 1h30m, num total aproximado de 50 horas/curso.

De acordo com os interesses dos alunos, mas visando também a descoberta, por eles próprios, de novos interesses, a organização do plano de estudos de cada aluno foi da sua responsabilidade, através da opção pelo(s) curso(s)em que se inscreveu, incentivando a UPP a escolha de pelo menos dois cursos.

Desde o início houve a preocupação de proporcionar um conjunto diversificado de cursos ( Conhecer o Porto, Grandes Questões da Actualidade, Viver em Forma, A História de Portugal, Viagens e Roteiros, Percursos nas Artes Plásticas, Problemáticas Sociais de hoje, O Francês através da Imprensa Periódica Francesa, Inglês I, Inglês II, Inglês III, Alemão, Desenho e Artes Manuais), por forma a permitir o estudo e aprofundamento pelos alunos de temáticas muito diversas.

Ao mesmo tempo, em cada curso, houve a preocupação de adaptar o programa, inicialmente previsto por cada professor, aos interesses, motivações e vivências dos alunos, tendo em conta as suas propostas e sugestões, levando os alunos a terem um papel activo também na definição das temáticas a aprofundar.

A heterogeneidade das turmas, quanto a idades (dos 24 aos 79 anos), situações face ao trabalho (reformados e activos), profissões (operários, serviços, quadros técnicos, intelectuais) e formações escolares de base (do 6º ano à licenciatura), constitui-se numa das grandes riquezas do projecto, permitindo uma muito intensa e gratificante partilha de vivências e saberes, o debate inter e multidisciplinar e a criação de fortes elementos de coesão e de motivação, para todos (alunos e professores) altamente enriquecedores.

A diferença de idades e de situações face ao trabalho tornou-se ainda mais significativa para os alunos da chamada 3ª idade e já reformados, muito contribuindo para quebrar o seu isolamento e para a valorização do papel que ainda têm a desempenhar como agentes sociais activos, sendo de salientar a vontade crescentemente manifestada por alguns de participação em projectos de voluntariado social, permitindo, também para os mais novos, a desmistificação de uma certa imagem social sobre a 3ª idade.

Para além do aspecto já referido anteriormente e que se prende com a heterogeneidade das turmas constituídas, que para nós é um aspecto essencial, as metodologias adoptadas, variando em função das características de cada curso, privilegiaram sempre um contacto muito estreito com os alunos, o seu envolvimento na definição dos conteúdos e das próprias metodologias, a partilha colectiva das vivências de cada um e a troca de saberes, no reconhecimento de que todos (incluindo os professores) tinham muito a aprender com todos.

A utilização de meios audiovisuais, designadamente gravações, vídeos e slides, foram uma constante, bem como a reprodução e tratamento de textos de imprensa e de textos de diferentes autores.

Igualmente significativo foi a realização de um grande número de visitas de estudo, integradas no plano de cada curso (particularmente nos cursos Conhecer o Porto, Percursos nas Artes Plásticas e Viagens e Roteiros), e acompanhadas pelos respectivos professores, as quais foram, diversas vezes, abertas a alunos de outros cursos. Interessante é também referir que, na sequência de algumas destas visitas, algumas instituições passaram a convidar frequentemente os alunos da UPP para algumas das suas realizações.

Todos os professores envolvidos no projecto ministraram as suas aulas durante todo o ano lectivo sem auferirem qualquer tipo de remuneração, tendo como únicas compensações o prazer de participarem na concretização destes cursos, sentindo o enorme gosto e vontade de aprender manifestada pela totalidade dos alunos e as aprendizagens que também com eles fizeram.

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