Nos dois debates realizados na Universidade Popular do Porto sobre a nacionalização da banca e dos seguros de 1975, emergiu a necessidade de se continuar a análise do sector financeiro em Portugal e das suas relações com a economia e com o poder político, no quadro da atual situação de crise e de austeridade. Nesse sentido, a UPP e três sindicatos do setor, o SINAPSA, dos seguros, o STEC, da CGD, e o SINTAF, da banca, vão promover esse debate.
Enquanto intermediário dos agentes económicos na captação de recursos e no investimento, o setor financeiro tem um papel crucial na economia e na sociedade. O progresso social e o bem-estar do povo dependem muito das decisões dos bancos e das seguradoras.
Em Portugal, estando no essencial e com exceção da CGD, nas mãos de grandes grupos económicos, de capital maioritariamente estrangeiro, e tendo, por isso, objetivos globais e de internacionalização, que economia e que sociedade estão os bancos e as seguradoras a desenvolver?
O imenso poder económico dos donos dos bancos e das seguradoras condiciona o poder político. No quadro político global, pode o país contar com decisões dos bancos e das seguradoras favoráveis ao desenvolvimento da economia nacional?
O papel de supervisão do Banco de Portugal e do Instituto de Seguros de Portugal e também das instituições internacionais de supervisão tem-se mostrado uma falácia. Essas instituições têm-se também evidenciado como serventuárias dos grandes grupos económicos. Como pode o povo controlar as alavancas do desenvolvimento económico? Como pode um Estado verdadeiramente ao serviço do povo controlar o setor financeiro e colocar os bancos e as seguradoras ao serviço de Portugal e dos portugueses?